sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

"I have a dream..." de Martin Luther King




"Cem anos mais tarde, a vida do Negro ainda está tristemente entrevada pelas amarras da segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos mais tarde, o Negro vive numa triste ilha de pobreza, no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o Negro ainda definha nas margens da sociedade americana e encontra o exílio na sua própria terra.

Por isso viemos aqui hoje para mostrar o dramatismo de uma situação chocante. Num dado sentido, podemos dizer que viemos descontar um cheque à capital da nossa nação. Quando os arquitectos da nossa república escreveram as maravilhosas palavras da Constituição e da Declaração da Independência, estavam a assinar uma promissória que obriga todo o americano.

Esta promissória era a promessa de que a todos os homens seriam garantidos os direitos inalienáveis da vida, da liberdade e da busca da felicidade. É óbvio que hoje a América falhou no cumprimento dessa promissória no que diz respeito aos seus cidadãos de cor. Em vez de honrar essa obrigação sagrada, a América deu ao povo Negro um cheque sem cobertura, que foi devolvido com a indicação de "não ter fundos suficientes". Mas recusamo-nos a acreditar que o banco da justiça esteja na bancarrota. Recusamo-nos a acreditar que não há fundos suficientes nos grandes cofres da oportunidade desta nação.

Por isso viemos descontar este cheque - um cheque que nos dará as riquezas da liberdade e a segurança da justiça. Também viemos a este local sagrado para recordar a América da urgência do agora. Não é tempo para aceitar o luxo do esmorecer ou de tomar a droga tranquilizante do gradual. Agora é o tempo de nos erguermos do vale escuro e desolado da segregação para o caminho iluminado da justiça racial. Agora é o tempo de abrir as portas da oportunidade a todos os filhos de Deus. Agora é o tempo de libertar a nossa nação das areias movediças da injustiça racial e alcançar as rochas sólidas de fraternidade.

Seria fatal para a nação ignorar a urgência do momento e subestimar a determinação do Negro. Este Verão abrasador do descontentamento legítimo do Negro não passará até chegar o Outono revigorante da liberdade e da igualdade. 1963 não é um fim, mas um princípio. Aos que esperam que ao Negro bastasse descomprimir e que agora se irá contentar espera-os um rude acordar, se a nação regressar às tarefas do dia-a-dia. Não haverá descanso ou tranquilidade na América até que ao Negro sejam garantidos os seus direitos de cidadania.

Os turbilhões da revolta continuaram a abalar as fundações da nação até que nasça o dia claro da justiça. Mas há algo que tenho de dizer ao meu povo que está no morno limiar da porta que leva ao palácio da justiça. No processo de alcançarmos o lugar que nos é devido, não podemos ser culpados de actos errados. Não procuremos saciar a nossa sede de liberdade bebendo da taça da amargura e do ódio.

Temos de conduzir sempre a nossa luta no plano elevado da dignidade e da disciplina. Não podemos deixar que a criatividade do nosso protesto degenere em violência física. Uma e outra vez temos de nos levantar às alturas em que a força da alma combate a força física.

Esta maravilhosa nova militância que envolveu a comunidade Negra não nos pode levar à desconfiança de todos os brancos, pois muitos dos nossos irmãos brancos, como se pode ver pela sua presença aqui, hoje, já se aperceberam de que o seu destino está ligado ao nosso destino e que a sua liberdade está inextricavelmente ligada à nossa liberdade.

Não podemos caminhar sozinhos. E ao caminharmos, temos de fazer o juramento de caminharmos para a frente. Não podemos voltar atrás. Há os que perguntam aos lutadores pelos direitos civis: "Quando é que estarão satisfeitos?", nunca poderemos estar satisfeitos enquanto os nossos corpos, cansados com o esforço da caminhada, não possam alojar-se nos motéis das estradas e nos hotéis das cidades. Não podemos estar satisfeitos enquanto a mobilidade básica do Negro for ir de um ghetto pequeno para um maior.
Nunca poderemos estar satisfeitos enquanto um Negro do Mississippi não puder votar e um Negro de Nova Iorque acreditar que não tem em quem votar. Não, não estamos satisfeitos, e não estaremos satisfeitos enquanto a justiça não correr como a água e a integridade não correr como um poderoso rio.

Não ignoro que muitos de vós vieram aqui com grandes dificuldades e tribulações. Alguns de vós acabaram de sair de celas estreitas. Alguns de vós vieram de locais onde a vossa busca pela liberdade vos deixou abatidos pelas tempestades das perseguições e arrasados pelos ventos da brutalidade policial. Vós fostes os veteranos do sofrimento criativo. Continuai a trabalhar com a fé de que o sofrimento injusto é redentor.

Voltai para o Mississípi, voltai para o Alabama, voltai para a Geórgia, voltai para o Louisiana, voltai para os ghettos e os pardieiros das nossas cidades do Norte, sabendo que, de algum modo, esta situação pode mudar e mudará. Não entremos no vale do desespero. Digo-vos hoje, meus amigos, que apesar das dificuldades e frustrações do momento, eu ainda tenho um sonho. É um sonho que tem raízes fundas no sonho americano.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se erguerá e viverá a verdadeira altura do seu credo: "Cremos que estas verdades são evidentes: todos os homens são iguais".
Eu tenho um sonho que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos dos antigos escravos e os filhos dos antigos donos de escravos se sentarão juntos numa mesa de fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, mesmo o Estado do Mississípi, um Estado-deserto, queimado pelo calor da injustiça e da opressão, se transformará num oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que um dia os meus quatro filhos viverão numa nação onde não serão julgado pela cor da sua pele, mas pela força do seu carácter.
Eu hoje tenho um sonho.
Eu tenho um sonho que um dia, o Estado do Alabama, onde os lábios do governador deixam presentemente pingar as palavras da interposição e da anulação, se transformará numa situação em que os rapazinhos e as raparigas negras poderão dar as mãos a rapazinhos e raparigas brancas, e caminharão juntos como irmãos.
Eu hoje tenho um sonho.
Eu tenho um sonho que um dia cada vale se elevará e cada colina e montanha se aplanará, os locais agrestes serão alisados e os locais tortuosos serão endireitados, e a glória do Senhor se revelará, e todos o verão.
Esta é a nossa esperança.
Esta é a fé com que regressarei ao Sul.
Com esta fé transformaremos a montanha do desespero numa pedra de esperança.
Com esta fé transformaremos o desafinar de uma nação numa bela sinfonia de fraternidade.
Com esta fé poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ser presos juntos, erguer-nos pela liberdade juntos, sabendo que um dia seremos livres.

Esse será o dia em que todos os filhos de Deus poderão cantar com um novo significado: "Meu país, é tua, doce terra da liberdade, eu te canto. Terra onde os meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos, que, de cada lado da montanha, ecoe a liberdade". E se a América tiver de ser uma grande nação, isto terá de se tornar verdade. Por isso, que a liberdade ecoe do alto cume das colinas de New Hampshire.
Que a liberdade ecoe das poderosas montanhas de Nova Iorque.
Que a liberdade ecoe das montanhas Alleghenies, da Pensilvânia!
Que a liberdade ecoe das Rockies, as montanhas nevadas do Colorado!
Que a liberdade ecoe dos picos da Califórnia!
Mas não basta: que a liberdade ecoe da Stone Mountain da Geórgia!
Que a liberdade ecoe da Lookout Mountain, do Tennessee!
Que a liberdade ecoe de cada colina e cada elevação do Mississípi.
Que, de cada lado da montanha, ecoe a liberdade.

Quando deixamos ecoar a liberdade, quando a deixamos ecoar de cada vila e de cada aldeia, de cada Estado e de cada cidade, apressamos o dia em que todos os filhos de Deus, homens negros e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, darão as mãos e cantarão o antigo espiritual negro: "Finalmente livres! Finalmente livres! Obrigado, Deus Todo Poderoso, somos finalmente livres!".

Discurso proferido por Martin Luther King em Washington D.C a 28 de Agosto de 1963

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Hip-Hop De La Soul




Os De La Soul são um grupo Hip-Hop formado em 1987 em Long Island, New York. As suas musicas caracterizam-se pela fusão entre hip-hop e jazz e o hip-hop alternativo. Fazem parte do grupo Kelvin Mercer, David Jude Jolicoeur e Vincent Mason.
O álbum de estreia do grupo foi 3 Feet High and Rising onde mostraram musicas inovadoras. Clique para mais informações sobre os De La Soul.

Aqui fica uma música dos De La Soul, Me Myself and I.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cinema- Jungle Fever




Aqui fica uma sugestão doutro filme de Spike Lee, Jungle Fever (em português A Febre da Selva) .


Este filme, aclamado pela crítica, explora as consequências das provocações nas relações inter-raciais. O arquitecto negro, Flipper Purify (Wesley Snipes) inicia um caso amoroso com a sua secretária italiana de classe inferior (Annabella Sciorra), o que leva a que sejam duramente criticados pelos seus amigos, rejeitados pelas suas famílias e evitados pelos seus vizinhos. Com banda sonora original de Stevie Wonder, A Febre da Selva possui um elenco composto por actores vastamente conhecidos, incluindo Samuel L. Jackson, John Turturro, Ossie Davis, Ruby Dee, Lonette McKee, Anthony Quinn (duas vezes premiado com um Oscar® da Academia) e o próprio Spike Lee.

Este filme segue a mesma linha de sentido uma vez que são abordados temas raciais. Neste caso específico, o filme mostra como muitas vezes é vista uma relação inter-racial, e os obstáculos se põem no caminho numa relação entre negros e brancos. De uma maneira muito bem conseguida, na nossa opinião, este filme consegue retratar um conflito racial típico na sociedade dos Estados Unidos da América.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Cinema- Do the right Thing


Do the Right Thing (Não dês Bronca, em português) é um filme de 1989 do realizador afro-americano Spike Lee.

Sal (Danny Aiello), um ítalo-americano, é dono de uma pizzaria em Brooklyn, (onde também há um armazém cujos donos são coreanos), juntamente com Vito (Richard Edson) e Pino (John Turturro), que são os seus filhos, além de ser ajudado por Mookie (Spike Lee), um funcionário. Com predominância de negros e latinos, o local é uma das áreas mais pobres de Nova York. Preenchem o seu estabelecimento com fotografias de ídolos ítalo-americanos do desporto e do cinema, o que desagrada muito a sua clientela. No dia mais quente do ano, Buggin Out (Giancarlo Esposito), um activista local, vai até lá para comer uma fatia de pizza e desentende-se com Sal por não existirem negros no Wall of Fame dele. Sal responde que esta parede é só para ítalo-americanos e se Buggin Out quer ver fotos dos irmãos que abra sua própria pizzaria. Notando que não vê nenhum italiano para proteger Sal, Buggin passa o resto do dia tentando organizar um boicote contra a pizzaria. Este incidente trivial é o ponto de partida para um efeito dominó, que vai gerar vários problemas. 
Este filme retrata a tensão racial que existe em alguns bairros norte-americanos e faz reflectir sobre problemas sociais como o racismo e a violência, e a forma como se desencadeiam conflitos raciais (muitas vezes é por pequenos motivos). Além disso, a cultura e costumes de vida dos afro-americanos estão presentes, um exemplo é a musica que Radio Raheem tem a tocar no seu grande rádio. Assim, deste modo Spike Lee conseguiu por no seu filme uma mensagem com bastante valor. No fundo, conflitos destes são desnecessários e, por isso, façam a coisa certa!

Cinema


No nosso projecto não iremos apenas abordar a música africana, também iremos analisar alguns filmes. Filmes esses que, para nós, representam, de forma clara, a vida dos africanos emigrantes ou dos descendentes africanos.
Muitos dos filmes dão-nos várias visões sobre os bairros sociais, sobre a cultura lá desenvolvida e sobre os problemas que africanos enfrentam no dia-a-dia. Além disso, é um modo de representar as origens dos africanos e os seus costumes nos novos países onde estes se encontram.
Consideramos o cinema uma bom instrumento para ensinar às pessoas que os bairros sociais em geral não são apenas compostos por violência mas também por cultura, costumes de populações... Assim, os filmes que iremos analisar e sugerir que assistam, serão, de um modo geral, à cerca da cultura africana desenvolvida em bairros sociais e tudo o que a influencia, com o bom e o mau. Com isto pretendemos, sobretudo, dar a conhecer várias perspectivas ou pontos de vista dos diferentes realizadores.
O cinema muitas vezes representa algo mais do que um modo de entretenimento, é uma forma de mostrar uma mensagem e de alertar e abrir campos de visão às populações.

Música- Jazz



O Jazz é um movimento artístico e musical que teve origem nos Estados Unidos da América. Surgiu no inicio do século XX em Nova Orleães, ligado à cultura africana e às suas comunidades residentes nos EUA e, como tal, as tradições afro-americanas estão enraizadas neste movimento musical.
Este estilo musical caracteriza-se pela incorporação de blue-notes (nota musical utilizada na música de trabalho afro-americana), pela forma sincopada, pela improvisação e o swing. Além disso, é utilizada a polirrritmia e a chamada-resposta. O instrumental é essencial no Jazz, sendo que os instrumentos mais utilizados são saxofone, tuba, piano, trombone, contra-baixo e baterias vocais.
O Jazz foi evoluindo em diversos estilos ao longo do tempo como o swing, bebop, hard bop, cool jazz, free jazz, a fusão do jazz com o rock etc.

Para mais informações sobre Jazz clique aqui.

Aqui fica uma Música de Ella Fitzgerald A tisket A tasket.



quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Música- Hip-hop


O Hip-Hop é um movimento cultural que nasceu nos EUA, no final da década de 70 em bairros com menores condições e com muitas injustiças. Porém, o Hip-Hop é, por vezes, conhecido como um género musical, mas não é só um género musical. O Hip-Hop é toda uma cultura criada para lutar e se afirmar face a uma sociedade cheia de injustiças, é digamos uma “cultura de rua” que reivindica justiça e igualdade a todos os níveis.

Esta cultura tem 4 pilares: O Mc que é de certa forma o porta voz da mensagem pretendida, o Dj que acompanha o Mc ou toca a solo através de instrumentos que criam sons com grande ritmo e sonoridade, o breakdancer que representam o lado da dança da cultura Hip-Hop com vários movimentos improvisados e enérgicos e, por fim, existem os writers, que estão ligados às artes plásticas urbanas já que não são aceites por todos como artistas. Estes fazem e representam as suas ideias com os variados desenhos que nos é possível ver na rua.

Assim se desenvolve a cultura Hip-Hop. Se no passado custou a ser aceite, tem vindo nos últimos anos a ganhar bastantes adeptos mesmo que ainda exista vários entraves como acontece por exemplo em Portugal.

Aqui fica uma música de Fuse, um Mc português, nesta música Fuse fala da importância do Hip-hop na sua vida.
Fuse- Juntos Como um Só


Música- Soul


Boas! Para vos dar a conhecer melhor o nosso trabalho hoje iremos falar um pouco da música que se contextualiza com o tema do trabalho.
Os géneros ou estilos musicais abordados serão Os Blues, desde o Soul ao Jazz, do Hip-Hop ao Reggae... Daremos preferência às músicas em português, e às músicas que têm um carácter interventivo e que se enquadrem de acordo com os nossos gostos.

Soul-
A palavra Soul significa Alma em português. É um género musical que se iniciou no final da década de 50 e no inicio da década de 60 nos Estados Unidos da América. Teve influência rhythm and blues e do gospel, e é um género de African Music, ou seja, o Soul tem origem nos africanos ou descendentes de africanos que viviam emigrados nos Estados Unidos.
Este género apareceu numa altura de vários movimentos liberais, e sendo assim serviu para representar os negros e as suas reivindicações/direitos.
A música Soul caracteriza-se pelo ritmo e pela interacção entre o vocalista e o grupo coral, além disso é normal a existência de uma grande interpretação dramática por parte do vocalista. A nível instrumental a melodia é rica em improvisos de vários instrumentos. De um modo geral no soul o mais importante é a harmonia que existe entre o vocalista e os instrumentos, pretendendo criar músicas completas em que tudo é valorizado.
Para mais informações clique aqui.


Deixamos-vos a música Respect de Otis Redding.






sábado, 9 de janeiro de 2010

O Nosso Projecto


Criámos este blog com o intuito de mostrar o projecto que estamos a realizar na disciplina de Área de Projecto do 12º ano da Escola Lima de Freitas.

O tema do nosso projecto prende-se com cultura africana desenvolvida nos países de emigração, ou seja, como esta se insere nas culturas ocidentais (EUA e Portugal, mais concretamente). No fundo pretendemos relacionar a essa cultura desenvolvida com os problemas de inserção social e histórico-cultural. O nosso objectivo é fazer um estudo comparativo, crítico e informativo em relação à intersecção das culturas africana e ocidental, de modo a compreendermos o emergir de várias culturas de fusão.

Para desenvolver o projecto, iremos analisar sumariamente o processo histórico da cultura africana desde o seu primeiro contacto com as culturas ocidentais (desde os descobrimentos até aos nossos dias). Além disso, explicitaremos as suas raízes e costumes de forma a esclarecermos algumas das novas culturas surgidas.
Mais concretamente, iremos abordar os diversos pontos culturais derivados de africanos desde a sua música (Blues, Soul, Jazz, Hip-hop...), a literatura desenvolvida também por emigrantes africanos e o seu cinema de intervenção racial que surge para divulgar o contexto de problemas sociais em que as culturas de rua se vão desenvolvendo. Alguns filmes de Spike Lee mostram essa realidade e pretendem lutar pela igualdade de raças e culturas.

Assim, em síntese, vamos dando a conhecer o nosso projecto ao longo do blog.
Até Breve!